15 setembro 2016

A última carta



Maurício, hoje aceito o seu não. Com tantas cores, reconheci o meu horizonte e percebi que ao seu lado, nas trevas, não era o meu lugar. Prometo que esta é a última carta e quero que leia como uma despedida. já faz tempo que você partiu e a sua procura sempre foram para aumentar o seu ego e destruir os meus caminhos.

Quem é da escuridão não aceita a luz e se incomoda com os brilhos positivos. Quem é mal não aceita a bondade e mesmo protagonizando o falso bom da novela, a máscara cai, demora mas cai. E a sua máscara caiu, não só para mim, mas para você mesmo. Olha Maurício, eu não tenho raiva de você, nunca tive e não terei. Tenho andado com uma fé radiante e percebo que sua vida continua na mesma. 

Você ambiciosamente não sente vergonha de traficar ilusões e diz ser homem, quando é visto como criança nos olhares das pessoas. Eu só quero te dizer que estou muito bem e quero que você fique bem também, mas não queira me procurar caso precise de alguém para te ajudar, procure Deus. Pode parecer clichê, mas me cansei da novela mexicana que eu mesma produzi em minha vida. Não quero humilhar ninguém como vingança, não serei mais feliz ao te ver no chão. 

Afastei-me de pessoas, mudei o número do telefone e fiz de tudo para que você saísse da minha vida, porém, eu errei. Você continuava dentro de mim, era vivo em todos os sentidos, meus sonhos eram pesadelos e eu sentia falta do seu amor, sentimento que eu só resgatei quando resolvi me amar. Enquanto isso, eu estava nos seus pensamentos e desejos, nunca existiu amor e eu fui o alvo para sua liberdade. 

Perdi as contas de quantas vezes eu esperei o seu velho fusca verde passar pela minha rua, não queria te tocar, eu só queria matar a saudade do seu olhar e hoje percebo que perdi tempo com alguém que não soube me amar. As lágrimas foram em vão, os aplausos pela minha infelicidade se transformaram nas dores mais monstruosas que um ser humano deve sentir, por estes motivos aceitei o seu não. 

Não devo carregar mais um peso na minha vida, não devo me envolver em problemas de pessoas que não me quiseram, não devo absorver e acreditar nos seus falsos sentimentos que não cansa de dizer à terceiros. Não, eu não devo. 

Resolvi escrever a última carta, para fechar o ciclo cruel que você mesmo criou comigo. Eu sobrevivi ao inferno que você me jogou, eu venci a guerra que você causou e me sinto satisfeita ao ver que por você, eu não sinto mais amor.

Joyce Xavier 



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