Para a primeira publicação neste
blog tão bem frequentado, decidi falar de algo tão lindinho quanto à carta de
Gregório Duvivier à ex-esposa: felicidade! A frase-título é do livro No Sufoco,
de Chuck Palahniuk, autor também de Clube da Luta.
Pois bem, o que você responderia ser
“felicidade” se lhe perguntassem assim, de supetão? Para os apaixonados, suponho
que significa estar nos braços da pessoa amada. Para os não apaixonados, imagino
ser o dinheiro, o status, a saúde, mais dinheiro e, quem sabe, alguns atributos
físicos também. Realmente, essa é uma das perguntas mais difíceis de serem
respondidas. É bem complexo definir o que é felicidade e saber como e onde
encontrá-la. Ainda sim, nós, meros mortais, sempre corremos atrás dela. Seja
ela na forma de uma pessoa, de um objeto ou apenas um tempo, o fato é que sempre
a buscamos, incansavelmente. Só que muitos quando pensam tê-la encontrado
tendem a se despreocupar com a busca e repousar.
Com o passar do tempo, as coisas
mudam. Fato. A tal felicidade que, em algum momento de nossas vidas, pensamos
ter capturado, não é mais nada daquilo que imaginamos. No fim, percebemos que
aquela pessoa que desejávamos ter por perto, em uma manhã qualquer, depois de
várias “manhãs”, não é a nossa fonte de felicidade. Ela não é aquela criatura
perfeita que não arrota, que não tem mau humor, que não tem bafo e nem solta
gases. No fundo, provavelmente, pode ser bem parecida conosco em todas as nossas
imperfeições. E aí? Bem... Aí, começamos a acentuar os defeitos dela. Começamos
a fazer comparações: “Ah, mas você não era assim” ou “O fulano não é assim”. E,
quando nos damos conta, percebemos que aquele príncipe ou princesa, na verdade,
sempre foi e sempre será um sapinho, assim como nós.
Estamos inclinados a buscar o
melhor nos outros, ainda que sejamos o oposto. É aquela coisa de querer o belo,
o perfeito, enquanto sequer nos encaixamos no padrão que nós mesmos estabelecemos
para os demais. Mas a felicidade, meu caro leitor, não mora no outro, não vem
de outra pessoa. O amor até pode ser aquela chama que nasce em alguém, quando
este consegue tocar o outro. Mas, por favor, não confunda com a felicidade! Até
mesmo a paixão é temporária. Enquanto o amor pode ser moldado, a felicidade...
Ah, a felicidade é um estado nada permanente! Diferente do que imaginamos a
felicidade não é um porto seguro, um quarto, um alguém. A felicidade é aquela
esperança de encontrar a pessoa que tanto desejamos por perto. É acreditar que vamos
comprar aquela bela roupa cara, vista numa vitrine de luxo, ou aquele carro do
ano, que o nosso salário ainda não dá conta de pagar, ou ainda que vamos
conquistar aquele emprego que buscamos a vida inteira e fizemos muitos planos, antes
dele existir. A felicidade são aqueles segundos antes do sim, de saber que o
dia sorriu pra nós em todos os aspectos. É a busca, não o que se busca. É a
corrida, não a chegada. Quando se consegue, a graça meio que se perde.
Então, percebeu? A felicidade
habita em você! Ser feliz vem da sua percepção do mundo e das coisas e não de
esperar por pessoas idealizadas e nem por milagres. A felicidade é você! E você
pode ser feliz de várias maneiras possíveis, ou melhor, buscar de várias
maneiras. Curta a busca, ela é um processo e, portanto, é mais gostosa durante,
não quando acaba. Como diz o título desta postagem quem é feliz não faz arte! Enquanto
estiver em sua busca pessoal, moldará o mundo conforme os seus olhos.
Lucinei Campos
Olá, Joyce e Lucinei.
ResponderExcluirPrimeiramente (fora Temer!) gostaria de dar as boas-vindas ao novo colunista. Confesso que estou bastante surpresa, porque eu não imaginava que o Lucinei um dia seria colunista de algum blog. Lembro de seu tempo de blogueiro, mas agora como seu foco tem sido os livros, esta é realmente uma grata surpresa.
Que belo texto! Lindo e poético. Me pôs reflexiva e me fez lembrar que realmente, só produzo bem textos autorais quando estou pra baixo, quando estou na fossa mesmo. Ou seja, o Chuck Palahniuk tem toda razão! Aliás, autor que cada vez mais tenho me interessado por influência do Lucinei. Tenho aqui em casa e no Kindle "O clube da luta", agora só me falta disponibilidade para lê-lo, mas vontade é o que não falta.
Felicidade, um assunto tão subjetivo, mas acho que você foi coerente nos seus argumentos e concordo com você. Seu texto provoca uma empatia e identificação de imediato porque seus exemplos são muito bem dados, são situações que acontecem cotidianamente.
Gostei muito dessa frase: "Curta a busca, ela é um processo e, portanto, é mais gostosa durante, não quando acaba". Acho que resume bem como estou atualmente, ainda que eu não esteja "buscando" ninguém.
Obrigada pelo texto. Aguardo os próximos <3
Abraços,
Maria Ferreira, blog Minhas Impressões