03 novembro 2016

O meu batom vermelho


Demorou para a fichar cair. Demorei para tirar a venda que me cegava. Sofri  para enxergar quem você realmente era. Insisti no pesadelo que eu esperava ser um sonho. Apostei todas as fichas, abri os braços, a alma e o coração. Tudo não foi tão em vão.

Depois de tanto tempo, comecei a observar silenciosamente certas situações. As histórias que haviam me contado, sendo verdadeiras ou não, me deixaram com a pulga atrás da orelha. Deixaram-me com intuições e cismas. O FBI precisa me contratar. Serei a melhor atriz do CSI.

Algo estava estranho no ar e não adiantava eu falar, eu tinha que agir. Eu abri mão de uma vida integra, para cair no abismo do incerto, da maldade e de gente, que só quer se aproveitar de sentimentos. Caí na armadilha dos manipuladores. Quando eu tinha para oferecer, eu era a melhor pessoa. Quando eu não tinha, apenas me dizia "espere que eu já volto". E isso duravam horas. Muitas horas.

Foi quando cansei de reclamar e comecei a chorar. Todos os dias eram choros por motivos diferentes, mas por uma só pessoa. Joguei tudo para o alto atrás da felicidade, investi e deixei de cuidar de mim. Estava na presa de um aproveitador e totalmente infeliz.

Quem quer conquistar objetivos, corre atrás. Mas eu cansei de carregar o mundo nas costas sozinha. Eu cansei de tudo e tive a certeza, quando meus próprios olhos viram a deslealdade que eu não merecia. Então, eu resolvi partir. Voltei de onde nunca deveria ter saído. Retornei para a minha paz e me preenchi com o amor que mora ali. Voltei a ser eu mesma. 

E mesmo com tantos acontecimentos, eu queria ter o sentimento da indiferença. Mas não consigo. Sinto nojo e uma extrema vontade de me manter surda para não ouvir as suas mentiras. E sinto uma grande necessidade, de me manter distante para ser feliz. Muito feliz.

E pra você, só deixo a saudade. Só deixo a marca do meu batom vermelho.

Joyce Xavier 

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