30 agosto 2017

Eu não errei em te amar




Eu errei quando deixei de me amar. Errei em querer cuidar e deixar de cuidar de mim, de falar por mim e de ser eu mesma. Esqueci dos meus princípios, das minhas vontades, daquilo tudo que sempre sonhei na vida. Deixei o coração falar mais alto, preferi usar uma venda, para não ver o que poderia me magoar. Deixei de ouvir a minha razão.

Eu errei quando ouvi mentiras e acreditei nelas. Errei quando briguei com o mundo, errei quando desprezei o cuidado de quem me ama de verdade, errei em achar que o mundo conspirava contra nós, mas era você mesmo que conspirava contra o nosso relacionamento. Da sua parte, não existia amor. 

Durante muito tempo eu me culpei. Durante muito tempo, ouvi as pessoas falarem que eu não me amava, que eu não me respeitava, que eu havia perdido o amor por mim mesma, que eu estava fora de mim, que eu estava ficando maluca. 

E infelizmente elas estavam certas.

Hoje eu vejo, que te amar não foi errado. Percebo que eu deveria passar por tudo que eu passei, para adquirir experiência, para crescer como pessoa e amadurecer como mulher. E não é fácil aceitar. 

Eu ainda não aceito.

Mas me dou o direito de ser feliz, de sorrir novamente, de estar aberta para refazer amizades, de me reconhecer e me reencontrar. Cansei de ficar no mesmo lugar, esperando que tudo mudasse, mas nada aconteceu como eu esperava. 

Caráter não se muda. 

Por isso resolvi mudar de rumo, mudar de vida e seguir em frente. Talvez com mágoa do passado, mas com a certeza, que o futuro será diferente e do jeito que eu sonhei. 

O nosso final não foi feliz, mas quero que o seu seja. E desejo mais ainda, que o meu seja feliz. Todo mundo merece ser feliz e não me arrependo de ter te amado. Mas agora, eu preciso ser amada. 

Joyce Xavier. 

Foto: tumblr. 


21 agosto 2017

Mulher não merece apanhar!


"Eu vou te bater, pra você aprender a ser mulher"

Muitas mulheres já ouviram essa frase. Com certeza, se você não sofreu nenhuma agressão, você conhece alguém, ou já ouviu falar na impressa. E isso é muito sério. É descontrole, é desrespeito e aceitar, é falta de respeito com si mesma. É falta de amor próprio. 

A primeira briga, foi naquele momento em que ele estava embriagado. Você respondeu em um tom de voz alto, ou disse algo que ele não gostou, foi motivo de um soco no rosto. Você não conhecia o lado monstro do homem que você ama. Você não desconfiava que ele poderia machucar, alguém que ele também diz amar. Você fica assustada, perdida, ferida fisicamente e emocionalmente, e também, no fundo do poço com medo. Medo muito.

"Desculpas, eu te amo! Eu não faço mais isso"

Você aceita, volta a conviver com um manipulador. Os primeiros dias são lindos. As primeiras semanas são de núpcias, mas logo a máscara cai e o inferno volta. Em dobro. Mais uma briga, mas dessa vez, com puxões fortes de cabelo, e sem piedade, ele lança a sua cabeça contra parede. Deixa uma dor de cabeça imensa. 

Você vai dormir do lado dele chorando. Ele te abraça e você aceita. Pra ele, isso é normal. Se você aceita, é normal. E por ter sofrido muito da primeira vez, ter voltado, e ser criticada pelos seus amigos e família, você apanha pela segunda vez calada. Guarda esse segredo, esconde os hematomas, diz pra sua mãe que a dor de cabeça é de ressaca, enxaqueca, sinusite... Inventa inúmeras desculpas para que ninguém descubra. 

Mas os vizinhos ouviram, um amigo percebe e você desabafa com uma pessoa, que já não aguenta mais a sua novela, e resolve não se meter mais. Pois como diz o ditado: briga de marido e mulher ninguém mete a colher. 

Além de ser agredida, você é traída e sabe disso. 

As bebedeiras dele não param. Quando está sóbrio, parece se arrepender por uns dias. Torna-se um homem de bem, um homem que quer construir uma família e mante-la. Mas é uma farsa, é uma nova canção manipuladora. Tudo fica tranquilo por um tempo. Mas quem agride uma vez, dificilmente deixará de agredir.

E o inferno continua.

Mais um soco no rosto, nas costas e no corpo. Ele não te deixa ir embora. Você grita desesperada, mas ele manda você calar a boca. Ele quebra o seu celular em apenas uma jogada no chão. Você grita mais uma vez desesperada e consegue fugir, ele te puxa pelos cabelos, te joga dentro de casa, e com isso, quebra alguns móveis. A força e o ódio não têm limites. Um pedaço de madeira está por perto, ele ameaça te apunhalar se você não parar de chorar alto. Ele deixa você chorar baixinho. Tem que ser baixinho. 


Você consegue dormir com medo e acordar com dor. Quando percebe, está toda roxa e machucada. Não consegue abrir a boca, pois seu rosto está inchado. Não consegue se mexer, porque tudo dói, inclusive a alma. Até a sua dignidade foi ferida. Por fim, ele ainda consegue cuidar das feridas que ele mesmo causou no seu corpo.

E você ainda vai continuar apanhando? Você quer morrer?

Sem que ele perceba, em uma de suas saídas, você pega todas as suas roupas e vai embora. Aparece quase desconfigurada na casa dos seus pais. Qual a mãe que gosta de ver a filha passar por isso? Qual o pai que aceita? Qual amigo irá apoiar esta relação?

Ninguém aceita. 

Umas semanas se passam e tudo volta novamente. Ele te procura, pede pra voltar. Você ainda está machucada e ferida por dentro. Você tenta perdoar, mas não consegue. Você tem medo de andar na rua, você tem medo das pessoas, e o único lugar que você se sente segura, é o seu quarto. Até caminhar pela casa é estranho.

Mas você volta. E é chamada de safada.

Parece que é algo que você não consegue se livrar. É como imã que te puxa para a cova, é como se você tivesse encomendando o seu caixão. É assinar a sua certidão de óbito. É ter vergonha de se olhar no espelho, é fugir da realidade e acampar temporariamente no mundo de ilusão que você mesma criou. Mas você se esquece, que as pessoas mudam, mas o caráter delas não.

Mais uma vez tudo fica tranquilo. A sua família não aprova a sua decisão e o seu relacionamento, mas preferem não se meter mais. Os seus amigos te olham como uma boba, os inimigos como otária, e assim, você vai sobrevivendo em uma vida que você não merece viver. Que você não pediu pra passar, mas escolheu. 

E quando ele puxa o seu braço, e te ameaça novamente, mais uma vez ele diz que vai te espancar. Então, você se cansa. Na realidade, você não é feliz com ele. Você já está farta das mentiras, das amantes, das farras com os amigos, do dinheiro que ele nunca tem quando você pergunta, entre outras coisas. Você não o quer mais, mas no fundo, não sabe como lidar com essa situação. Ele não te ama. Você não o ama. Você não se ama. Não existe amor de ambas as partes e em ambas as partes. 

E agora?

Então minha amiga, me dê a mão. Você não está sozinha nessa. Denuncie. Vamos vencer isso juntas. 

Joyce Xavier  


09 agosto 2017

Terminar ou não?


Eu sei que o meu lugar não é aqui. Terminamos tantas vezes, mas em todas as vezes, nunca consegui me livrar de você. Durante todos esses anos, sempre tentei livrar o sentimento que existe dentro de mim. Porque eu sei, que bem no fundo, você não é pra mim.

Tentei de todas as formas, fazer com que tudo desse certo. Tentei muito, briguei com o mundo, virei as costas para as pessoas que me amam, mas tudo foi em vão. Você continua o mesmo cara malandro, de muitas traições e pouca responsabilidade. Você continua o mesmo, enquanto eu, não sou a mesma faz muito tempo.

Não sei quanto tempo ainda irei tolerar. Não sei quanto tempo, você ainda conseguirá mentir e manipular as pessoas. Ainda não sei quanto tempo nos resta, mas com certeza, não é o tempo suficiente para fazê-lo mudar. Você não irá mudar.

Infelizmente, não podemos mudar as pessoas. Ninguém vive somente de amor. As pessoas vivem em relacionamentos leais, fiéis e unidos. Relacionamento não é somente a conta pra pagar, a cama pra dividir e o sexo antes de dormir. Relacionamento é muito mais do que isso, e é uma pena, que você não saiba se relacionar. 

Eu é que não irei ensinar. 


Joyce Xavier.